Às cegas, envolto numa noite de tempestade.

Finalmente encontrou coragem para entrar no quarto.

Começámos a beijar-nos.

Não havia lugar para duplicidade.

O que aconteceu quando estive fora?

A partir dai, passámos todas as quintas-feiras juntos.

Não parava de me perguntar se eram roupas e adereços de actores.

Foi ele quem começou a encostar-se mas depressa lhe segui o exemplo.

Cristina Mateus, Conta-me coisas...

...video pertencente ao espolio do Museo Colecção Berardo...

...no 2º piso, vale não muito, mas tudo a pena...

...qual o preço de um vicio?!?...

...sinto-me viciada, consumida, enfatizada...

...é mau , é terrivel, mas não abdico...

...é bom, é agradável, mas estou farta...

...é vicio, vicio que não descola, não desgruda, um vicio que abraça, que exige, que é omnipresente, a meus olhos visivel, cheirável, palpável...

...não sei o que é, mas quero reticentemente descobrir, olhar por entre os intervalos, ler entre as linhas, ver além do preceptivel...quero que quando se mostrar, se revelar, quero que o faça, e quando o fizer vai deixar de ser vicio, pode continuar a consumir, a perturbar, a absorver, mas vai deixar de ser vicio...

...porque vicio não sei o que é, e o que dai em frente se revelar, saberei defenir...

...porque é um vicio que dá tanto, que recebe por igual, mas não passa disso...

...é-me estranho, não faz parte do baralho, é de um outro universo! é, mas eu gosto que seja, porque significa que terei de conhecer o que me é estranho, jogar com outro baralho, fazer uma viagem interplanetária...

...estou viciada, e quero permancer...

...she only say "yes! yes..."...

...e eu tambem digo, "yes!"...

...Está giro, apesar do aroma de limão não ser o meu eleito, espelha sem duvida qualquer coisa da minha pessoa...

...Vamos ter vergonhinha???vamos...
...e sim porque se ha coisa indecente, é olhar em frente por uma qualquer janela expondo o mundo e dizer para a minha pessoa "bruuu, que dia de inverno tenebroso, agora o que caia bem era um chocolatinho quente"...
...até aqui sinto-me reconfortada com essa possibilidade...
...não fosse no segundo seguinte empurrar os olhos, com a cabeça, para baixo e franzir instantaneamente o sobrolho, pensando para comigo e comigo mesma "que raio façu eu de calçoes e havaianas?!?"...e homenageando as ditas havaiana, caiu logo na rêal...
...isto porque a indumentaria cintura abaixo deve-se, ou deveria, à estação que atravessamos, que designaria como pré-verão...
...se é indecente isto suceder???é...
...este é aquele tempo em que os ombros começam a reconhecer o sol, que se dá a mudança de roupa nas gavetas, que se empurra os sapatos para o fundo do armario, e se retira o pó de 6 meses dos chinelos, que a senhora das castanhas é subtituida pelo carrinho dos gelados, que de manha quando abro a porta do quarto, a minha retina é ferida no entanto não se queixa dos rasgos matinais de sol que a invadem, que se começa a ir estudar para a praia (pelo menos ao ir, era esse o intuito), que se vai sair à noite so com uma "camisolinha"...
...seria tudo posto em pratica se o senhor sol se digna-se a ser gentil...
...e agora vou ouvir, " Here comes the sun" do Beattles à espera que seja como uma inversamente proporcional dança da chuva...

...Deparo-me com a volatilidade do tempo...e deparo-me com isto pelo simples facto de me darem para a mão um objecto de tempo gasto pelo proprio tempo, proferindo tais palavras "ohhh Joana, olha o que eu encontrei aqui"...distraio-me do que estava a fazer, e encaro-o...apercebo-me da insignificancia de tamanho que este apresenta, e da grandeza que este já tomou em tempos passados...recebo-o nos meus dedos ameaçadoramente grandes, comparativamente ao que este conhecera em tempos...reconheço aqueles recantos, riscos, ponteiros, diferença d tonalidade devido decerto ao sol que este apanhará em tempos...reconheço aquela imagem q outrora para mim sempre fora uma "bruxinha", e agora é indubitávelmente uma nipónica...coloco-o por cima do relogio que agora figura no meu pulso e agora sim se torna muito gráfico tamanho tempo que ficou para trás...

...o passado relogio da "bruxinha" parou à 1:28 de cansaço, e o presente e habitual residirá e marcará um tempo igualmente importante, e continará a marcar ritmicamente o tempo a partir das 16:05...descançará quando for tempo disso...

...o tempo não voa, o tempo pára quando é o tempo disso, e é substituido por algo sempre e irremediavelmente "maior"...

...estou, completa e absurdament fixada, estou...mas deixo-m estar, porque é um bom estar...

...a voz, o porte, o olhar...

...estou e estou indefinidamente absorvida...

...porque quando as vistas limparam o ecrã numa tarde, e os ouvidos arrecadaram uma melodia que reconheceu como se sempre lá estivesse, com que de um velho amigo desconhecido se tratasse...

...muni-me da musica e esta ganhou um lugarzinho no mp3, que quase que de imediato se impós como lugarzão...lugarzão de ser das primeiras a invadir-m pela manha...esse tipo de lugarzão...

...ouve-se falar de um concerto, e tudo em mim diz que sim, que não vai passar de mais um concerto que se deixa passar, mas o concerto onde se quer estar...e estou, e estou tao naqele lugar por debaixo de uma ponte plantado...

...estou e esta ela, e eles, e elas e todos tão lá...e lá à frent, nas luzes incomodativas da ribalta mas lá...

...o olhar dela e o piscar deles...perfeito...

...passa-se mais uma noite...e na manha seguinte pensa-se nas musicas e momentos...

...desejo tanto ser preenchida pelas musicas de novo e sei que tenho de o ter, de ter aqele CD, mas em mãos, porque só assim faria sentido...

...à tarde proporciono isso a mim mesma e que bem que proporcionei...

...digo convictamente que valeu tanto a pena, e aconcelho-vos a que valha a pena para voces tambem...

...Agradecida Coldfinger por serem tao à minha medida...