domingo, outubro 28, 2007

...porque o prazer da caçada é a correria, e não o saborear da carne fresca?!?...
...o que me realiza é o não ter, é ter de olhar desconfiada e não saber, não ter certezas...
...gosto da correria, da perseguição, do estudar a estrategia, apalpar terreno, temer...
...viver terá mesmo de ser, não conseguir?!?...
...gosto de ser um frasco de marca branca, de tampa entreaberta, mas desde que me tentam rotular, têm de ter em atenção o que isso arrasta...
...arrasta um prazo de validade, exigencias a nivel publicitário, valores nutricionais, e a quantidade de quanto vão levar de mim...
...e hoje é um dia de moloko, aliás uma noite...

quarta-feira, outubro 24, 2007

...acabou de emergir dos seus próprios pensamentos, só se apercebeu que estava mergulhada quando colidiu com a atmosfera exterior à solução aquosa, na qual estava estaticamente a debater-se...

...estava-se a deixar levar à horas, sem se sentir, não se permitia a deixar-se levar pelas necessidades fisiológicas e mentais, essas mesmas que acabou mesmo por sucumbir...

...foi um esforço inglório, um esforço passivo e pacífico, mas acabou por ter de colidir, custa-lhe a respirar a verdade...

...o seu cérebro acena negativamente, "não, não pode ser possível"...

...emergiu com a ajuda de uma vibração e a lembrança de um lenço despojado num sofá aquecido...

...veio à tona com a ajuda mecânica da vibração, e com o anzol na mente daquele cheiro no lenço emocionado...

...agora só o areal a abraça, ainda lhe custa a respirar, levanta-se com uns cotovelos vacilantes, arrasta o cabelo, acorda a retina para a linha do horizonte e segue determinada rumo à tenebrosa e vital dor de peito...

...saudades tuas meu pôr-do-sol (atrasado ou não)...

terça-feira, outubro 23, 2007

...há loucuras e loucuras...

...mas esta foi uma senhora grande loucura...

...o que vale é que estavamos "inebriadas", nem sentimos, simplesmente sorrimos...

...saímos das luzes a amanhecer, fomos de viagem a destilar, chegamos, passou a correr, voltamos, e quando me deitei 2 dias depois pensei que estava acabada de chegar daquela festa...

...foi uma boa loucura, e estou numa de repetir, já lhe senti o gostinho e agora é difícil largar...

quarta-feira, outubro 17, 2007


We walked the street to the beat
Hand in hand you and me
Smiling faces so in love
Hoping that they all could see

...estavas ali despojada numa capa de revista, a única revista que restava daquele bar, do bar que desaustinou aquela noite...

...não no meu melhor estado, olhei-te, agarrei-te e atirei-te para dentro da mala...

...passas-te a noite como nova inquilina, espero que tenhas passado bem, na companhia do cinzeiro cravejado com aquele corrector descaracterizante, novo inquilino também...

...passou-se a noite, e eu incluída...

...deparei-me de novo contigo no dia seguinte, vi o cinzeiro e trouxe-me à memoria certas imagens daquela fatídica noite, e quando te vi, sorri porque me revi...

...revi-me no grito sufocante, do qual não me liberto, revi-me porque não me quero mostrar por enquanto, revi-me sobretudo onde te sentas, estou numa de malas aviadas, basta-me uma pequena mala, basta-me porque o destino para o qual quero partir oferecer-me-á tudo o que preciso...

...mas continuo sentada na mesma, expectante e desesperante, quero partir, quero ir, pode ser para ficar ou não, pode ser por minutos ou por dias, quero seguir porque se está a tornar excruciante, quero fugir porque és o lugar onde quero chegar, ficar, respirar livremente, e quando for altura de partir deixo-me de novo lá, deixo-me lá mas não te preocupes que eu volto, para me ir buscar e deixar-me de novo lá...

quinta-feira, outubro 11, 2007

...não queria desenhar, só queria contemplar a vista...

...não queria a vossa companhia, queria a tua companhia...

...não queria ouvir vozes, só queria ouvir as músicas...

...abandonei as arvores e edifícios sufocantes, abandonei-vos, fui de encontro à luz espelhada do rio...

...parei, fui parando, estática, imóvel, tirei uma e outra foto daquele visual que me assoberbava...

...hoje foi dia de parar na paragem que nunca paro, entrei no eléctrico 18 sem pressas...

...deixei-me ir, sentada com os pés no chão estriado, passei a usual saída, deixe-me ir porque sairia numa repleta de tudo o que perseguia inconscientemente...

...fui sozinha, com a música e acompanhada de ti também...

...vi todas as barracas ecléticas, os pintores de rua, e os rastejantes mendigos...

...estava com o rumo casa, mas os pés conduziram-me à Fnac do Chiado, e dei por mim a perguntarem-me: "e quantos bilhetes são?", "um!"...

...já te tenho bilhete de Zero7, e tenho-te a ti também comigo, porque sei que irias, não fosse a distância, guardar-te-ei um lugar perto do meu, perto do peito, não precisas de bilhete...

...amanha vou ver a "minha banda" e o resto é conversa...

...escassos dias, torrente de agitações...

...foram caminhos em que me perdi contigo, bancos encontrados, e cais também...

...risos desavergonhados e alguns para dentro...
...foram chamadas no limiar das 00:00h, algumas antecedidas de "posso telefonar", com uns calorosos "Epá oh sua estúpida, Parabéns", foram mensagens de amigos só presentes em recordações e outros visionados diariamente...
...fazem-me falta, fazes-me falta, vocês todos aqueles com os quais já partilhei tantos risos, abraços únicos, devaneios...
...vocês fazem questão de me dar um toquezinho no ombro, como que em jeito de "Apesar de tudo, estou aqui ahhh, não te livras de mim"...
...houveram creamy birthday cake´s, acessórios de envergadura, saquetas de cromos, inscrições que 'conduzem' a futuros sinais derrubados e atropelamentos, abraços que me agarraram toda e prendas antecipadas...
...foste tu que faltas-te, mas todos os outros estiveram comigo e acolheram-me...

sábado, outubro 06, 2007

...o trivial não guarda pastilhas de morango no placar do quarto, o usual não descobre as traseiras de uma estação, o óbvio preocupa-se com o que a multidão envolvente pensará, o normal não acorda a meio da noite e recebe 1 minuto depois uma letra de MP através de mensagem, o corriqueiro não se encontra entre o chegar e o partir de um autocarro e faz dessa meia hora "o ponto alto"...

...já tive o trivial, o usual, o óbvio e mesmo o normal e corriqueiro...

...agora só quero o sem sentido, o nada a ver, o não plausível, o incongruente, o inexplicável, o simples e meramente "sentível"...
...faremos daquela estação, daquele terminal a nossa casa, o nosso "meeting point", daquelas paredes o nosso recanto, daquela casa de banho onde tu tropeças e eu deixo cair o tubo, daqueles bancos o invejável porque estão sempre preenchidos, daquele chão o nosso soalho flutuante, e daquelas traseiras o nosso refugio...
...ate ao próximo horario expectante e quem sabe atrasado...
...DJ...
...(não resisti à tua foto)...

terça-feira, outubro 02, 2007


...olhos no descanso do sol ISAense, e com a cabeça tão cheia de ti...

...a fachada envidraçada revelava trabalhadores aplicados, a vista sobre as videiras revelava alguem de olhar vagueante, e duas de ouvidos e mente preenchida...

...a minha cabeça transborda e não sei definir, é uma torrente de cores, e esporadicamente de preto e branco...

...tu pincelas-me, rasgas-me sorrisos de desespero e meia-realização...

...as musicas que me oferendas, as palavras que me atiras para as mãos, a sinceridade que me deixa vulnerável...

...apesar de tudo e de todos, ainda podemos partilhar o mesmo pôr-do-sol, a distancia não trava esse pôr-do-sol, apenas abranda o que tem de vir, o que preciso que me atinja, que me atinjas...

...estive naquele pôr-do-sol contigo, a falar de ti, a querer-te ali...

...as palavras já só chegam a ti, não chegam para ti...

...é difícil explicar-te, ainda só aprendi a sentir-te...