...temi porque estava tão cheia, eu transbordava, estava atolada, preenchida...
...mas a estação estava vazia, não havia lá ninguém para mim, sentei-me e pus ao colo, tudo o que me ia na mente e no peito...
...olhei para baixo e deparei-me com os ténis laranjas cansados, remendados, vividos...
...o silencio era excruciante, porque assim teria de me ouvir, e ouvir o que vinha do meu colo...
...foi então que reconheci uns acordes, olhei para cima, olhei para o nada, so via os acordes, e senti um vibrar na perna direita, pensava eu que era uma reacção aos acordes, mas não, era o meu telemóvel...
...arranquei-o do bolso, e quando comecei a ler aquelas 33 letras, tremi de novo, eram letras que me preenchiam, povoavam aquela estação, a música voltou a mim, e não podia acreditar...
...tremi, tremi pois eram 33 letras e tinham aquele acompanhamento...
...nunca antes tinha ouvido aquela musica senão no meu quarto, sozinha...
...e estava lá naquelas 33 letras comigo, a sonorizar-me...
...as letras deixaram-me sozinha, só eu e aquela coluna, olhei-a, quis alcança-la, mas estava muito acima de mim, conseguia senti-la, mas era impossível tocar-lhe...
...passou o metro em sentido contrario vazio, nem parou, passou vazio e esvaziou-me também...
...nem em sentido contrario eram capazes de povoar aquela estação...
...era hora, a hora de vir o meu metro, no sentido, no sentido unico que conheço ate ao momento...
...entro, e deparo-me com faces que me fitam, não percebo o porque, mas não largam a minha vista...
...o metro arranca, e vou numa viagem desesperante...
...é o rumo que devo seguir, mas não quero...
...não respiro desde as 19:58, e tenho a pulsação a 213...
...vou voltar àquela estação, e o metro em sentido contrario largar-te-á lá para mim, para que corra em tua direcção, de olhos fechados, sentir-me-ei completa quando chegar ao outro lado, ao teu lado, isto porque és a minha Pessoa...
...é um dia de dor de alma, e materializou-se como nunca antes, naquela estação...
...DJ...
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